Rodrigo Motta, ChurchCOM

27 de out de 20192 min

A cultura do extraordinário

Atualizado: 29 de jun de 2020

Uma igreja de São Paulo postou, nesta semana, um meme interessante e que gerou essa reflexão.
 

 
A imagem estava dividida em duas cenas: na primeira, dois personagens falavam de convites para o culto da aliança, culto da libertação, culto do poder... Na parte de baixo, o personagem com cara resiliente, pedia ao seu interlocutor só o convidar para sua igreja quando o culto for para Deus.
 

 
😱 Um tapinha na cara de leve. O extraordinário se tornou a base da linguagem de nossas igrejas e do cristianismo pós-moderno.
 

 
E a comunicação segue nesse rumo potencializando esse tom em que a promessa, muitas vezes é muito maior do que a entrega. Ou que a promessa é mero "slogan". Vejam, não estou falando sobre teologia ou corrente teológica e, sim, sobre linguagem/comunicação.
 

 
Não entro no mérito se uma igreja tem mais bençãos a oferecer do que a da esquina, mas olhando a forma, me parece que o extraordinário não combina muito com o jeitão de comunicar de Jesus.
 

 
A linguagem que Jesus utilizou para ensinar era ordinária, comum, do dia-a-dia. Seus milagres e o extraordinário aconteciam pontualmente, em situações comuns, onde apenas a sua presença bastava, satisfazia e transformava.
 

 
A cultura do extraordinário, da promessa, da expectativa é capaz de produzir uma legião de pessoas frustradas, ansiosas, "desigrejadas" e desesperançadas em relação ao Deus que procuram.
 

 
A caminhada com Jesus é diária. O conhecer Jesus é um desafio. O estudo sobre Jesus é uma rotina. A salvação é um processo.
 

 
Não há nada de extraordinário em negar-se a si mesmo, pegar a sua cruz e escolher Jesus. O extraordinário já foi feito na Cruz. Lembre-se disso na sua próxima reunião de pauta.
 

 
Pensei nisso, pois não falamos aqui de teologia e, sim, sobre a forma como falamos do Eterno.

Photo by Dawid Zawiła on Unsplash