Hoje me deparei com a notícia de mais um suicídio pastoral. Jarrid Wilson, pastor há 18 meses na Harvest Christian Fellowship, tirou sua vida deixando esposa, dois filhos e sua comunidade em choque. Ele tinha mais de 60 mil seguidores, um canal que falava sobre depressão e ansiedade nas redes sociais e sua igreja. É chocante ouvir notícias como estas, principalmente na época em que a imagem pastoral é a mesma de um herói, poderoso, indefectível e perfeito. Mas, "nem sempre tudo está bem", até para aqueles que vivem por anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.
Não vou falar sobre pontos psicológicos, da alma ou teologia aqui. Este não é o espaço, tampouco, opinar sobre causa e efeito. Quero apenas pegar o ângulo da imagem aqui para trazer a você um minuto de pensamento sobre o que estamos construindo no ambiente cristão. Super pastores, cantores astros, mega-igrejas, crescimentos astronômicos de celebridades gospel e suas mídias sociais tem criado uma atmosfera "fake" no meio das igrejas, tem - também - ampliado a busca por reconhecimento nessas pessoas e, como resultado, tem aumentado a pressão, ansiedade, vazios e dores. Eles não podem errar. Eles precisam crescer seus ministérios. Eles não podem choras. Eles não tem com quem se abrir. Eles estão virando "cristãos ateus", como bem define o pastor Craig Grieschel, da Life Church. Estão pregando algo que não tem mais tempo de viver.
O que nós, comunicadores cristãos, temos a ver com isso?
Muito. Precisamos entender o que estamos fazendo nessa jornada. Qual a motivação do que nos move. A missão ou os números? Os resultados eternos ou os resultados virtuais? Precisamos parar de vender soluções milagrosas para "ter sold out em seu evento", para fazer uma pscina olímpica de seguidores, para chegar a milhões de views em seus vídeos e começar a falar sobre como falar e melhor de Jesus, dentro do seu contexto, da sua comunidade, para as suas pessoas.
A megalomania é contraproducente, apesar de nos dar a sensação de impacto. O evangelho não cresce no acúmulo e, sim, na multiplicação. Um pastor, igreja, músico com milhões de seguidores não podem ter fim em si mesmos. Precisam multiplicar seu legado em outras pessoas, que levarão esse conceito para outras pessoas, que formarão outros líderes. Heroísmo é multiplicar e não somar. Muitas igrejas pequenas talvez tenham melhor capacidade de atender e cuidar de pessoas do que uma megaigreja lotada de pessoas.
O que nós, comunicadores cristãos, temos a ver com isso?
Talvez você precise repensar sua estratégia e reprogramar seu foco. Cuide de sua igreja e, principalmente, de seu pastor onde você tiver alçada. Heróis solitários não vencem a guerra e muitas vezes sucumbem, sozinhos em uma batalha. Infelizmente.
Triste, pensando e dividindo com você essa angústia.
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